Silvio Lima, administrador de empresas pós-graduado em Gestão Empresarial pelo INPG, é especialista em madeiras e gerente da unidade industrial da multinacional brasileira Montana Química.
A madeira ganha cada vez mais espaço nos projetos construtivos no Brasil. E duas espécies têm grande destaque por aqui, o pinus e o eucalipto. Ambas podem ser utilizadas nas mais diferentes aplicações, que vão desde as estruturas totalmente feitas de madeira aos sistemas construtivos mistos (madeira associada a outros materiais, como concreto, aço e vidro). Atendendo aos mais diferentes setores, como construção civil (sistemas construtivos em madeira roliça, woodframe, MLC, entre outros), rural (mourões, confinamentos para animais e estacas para fruticultura), ferroviário (dormentes de madeira) e elétrico (postes de madeira para eletrificação).
De acordo com a pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (Pevs 2020), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a área estimada de florestas plantadas no Brasil alcançou 9,3 milhões de hectares em 2020. Desse total, o eucalipto corresponde a aproximadamente 80,2% das florestas plantadas para fins comerciais no país. A pesquisa aponta que, enquanto 44,3% das áreas de eucalipto concentraram-se na região sudeste, no sul há predominância do de pinus (84,6% do total).
Essas espécies, de florestas plantadas, têm uma grande vantagem por possuírem ciclo curto de cultivo, ao contrário da madeira nativa.
Só essa característica já é um fator de extrema importância quando se fala em logística e preço, uma vez que, quanto mais rápido o ciclo de uma espécie, menos tempo se deve esperar para o seu corte e processamento.
As madeiras de reflorestamento como pinus e eucaliptos serão sempre opções interessantes para as mais diferentes aplicações e a escolha por uma das espécies será definida especialmente pela aplicação que será dada pelo projeto.
O processo de tratamento industrial da madeira trouxe um grande ganho para essas espécies. Hoje, tanto o eucalipto como o pinus passam por processos industriais que contribuíram muito para aumentar o desempenho dessas madeiras, tornando-as grandes alternativas para preservação de madeiras oriundas de florestas nativas, possibilitando mais espaço nos projetos construtivos devido à sua versatilidade, podendo ser usados para colocação de um simples forro ou piso, até na estrutura e paredes de uma edificação.
Com as tecnologias atuais, problemas como intempéries, ataques de xilófagos, principalmente cupins, e falta de resistência às chamas foram resolvidos com tratamentos químicos, aumentando a durabilidade da madeira e em muitos casos contribuindo até mesmo com aspectos estéticos do projeto.
É bom lembrar que, como material de construção, a madeira oferece muitas vantagens, por ser um dos poucos materiais renováveis, com baixa energia de processamento (muito menor que o aço, o alumínio ou o concreto), por fornecer isolamento térmico e acústico superiores aos metais ou ao concreto, maior relação de resistência e rigidez para peso do que outros materiais. Além disso, é relativamente fácil de trabalhar.
Outro motivo para a madeira chamar a atenção na construção civil é que, na comparação com o alumínio, o ferro e o concreto, apresenta baixa emissão de CO2 (gás carbônico) no processamento industrial, além de reter o dióxido de carbono, enquanto os outros são grandes emissores.
Seja pinus, seja eucalipto, profissionais e consumidores devem sempre escolher madeiras que passaram por processos industriais adequados e estarem conectados com as mais diferentes soluções (produtos) que as indústrias do setor disponibilizam atualmente para aumentar o desempenho da madeira em seus projetos.
Reportagem da REFERÊNCIA INDUSTRIAL, edição 243.